Quando me foi perguntado, durante o teste psicotécnico em Porto Alegre, para assumir o cargo de professora do Estado: Qual a minha expectativa em relação a profissão, respondi que o que me move a continuar na profissão do magistério é a esperança de um dia ver o magistério valorizado, pelos governantes, pela sociedade e, principalmente, pelos educandos, pois, como disse Paulo Freire, em seu livro “Pedagogia da Autonomia” - “Não há docência sem discência”. Este pensamento tem me acompanhado em minhas práticas pedagógicas; durante o ano, costumo me fazer várias perguntas sobre os objetivos das aulas, a metodologia, enfim, tento me colocar no lugar dos educandos e perceber como eles estão assimilando os conteúdos, qual a utilidade destes nas suas vidas.
Creio que obtive parte destas respostas através de uma carta que recebi de um aluno, em que ele me agradece pelo empréstimo de alguns livros de geografia e pelas aulas de história, as quais ministrei até outubro. Não trago esta carta a público por vaidade ou orgulho, mas como resposta aos meus anseios enquanto professora consciente de minha responsabilidade, pois, todos os dias, Deus entrega em nossas mãos milhares de jovens, para que possamos encaminhá-los na vida e ajudá-los a organizar seus conhecimentos intelectual, social e, por que não dizer, espiritual? Segue abaixo parte da carta.
... A senhora sempre se dedicou em elucidar de maneira clara os conteúdos mostrando que é uma grande professora e tem amor pelo que faz, não só pelas aulas, se isso não bastasse, mas pela história de luta até chegar onde a senhora chegou, e com certeza subirá mais e mais degraus da escala do sucesso pela intelectualidade e força...
... lhe agradeço pelo longo empréstimo dos dois livros de geografia, que me ajudou muito em meus estudos. Informo-lhe que passei de ano e que estudo muito para entrar no Exército e estudar Medicina e Química. Pode apostar que, quando eu vencer essa parte da minha historia, me lembrarei da senhora e de todos que me ajudaram e que me ajudam. Esse é o significado de ser professor. Não é apenas escrever no quadro ou aplicar provas, mas sim apostar em jovens sonhadores que sonham em vencer na vida, realizar sonhos...
... Não tenho palavras para agradecer a atenção que a senhora teve comigo, e o empréstimo dos livros. Quem sabe, se Deus permitir, nós não nos encontraremos por aí, quando eu voltar para Uruguaiana, já no Exército, e com meus diplomas de Medicina e Química.
Isso é o que me move a continuar nesta profissão a qual amo e me faz ter esperança na humanidade.
Professora Liliane do Canto
Partilhar caetas assim não é expressão de vaidade ou orgulho, apesar de nos darem muito prazer. Partilhar cartas assim é uma responsabilidade que temos de uns para com os outros, para não deixarmos "a peteca cair". Há momentos que queremos jogar tudo para o alto, então lemos um testemunho desses e saímos fortalecidos, enriquecidos e repletos de energia e coragem para continuar nossa longa jornada. Obrigada, Suely!
ResponderExcluirTati!
ExcluirTambém penso como tu: esses depoimentos, além de nos alegrarem, nos fortalecem!!!
E a professora Liliane, que trabalhou na nossa escola, e recebeu essa carta, é uma pessoa muito bacana, que faz um trabalho especial mesmo!
Beijos
Só quem vive nesse meio sabe o quanto isso nos comove. É uma das formas de percebemos que estamos fazendo a diferença, não só em sala de aula. Mas na vida daquele aluno, no caráter na (de)formação dele.
ResponderExcluirNenhuma profissão é sempre um mar de rosas, há dificuldades. Tem dias, momentos que às vezes queremos jogar tudo por alto!
Só que aí nos perguntamos: Vale a pena?
Como diz a profe Luciana Bilhalba: É isso que nos fortalece,essa é a recompensa de um ótimo trabalho ;) bjs
Exatamente isso Laísa Martins, Tati Martins e Suely, buscaremos em nossos sentimentos mais profundos de educadoras e nada será o suficiente para descrever o que sentimos ao ler o depoimento da nossa colega Liliane ele relata fatos que felizmente somente os que têm sensibilidade podem relatar ou se emocionar assim como nós. Não nego que ao ler, me emocionei e as lágrimas rolaram (sou uma manteiga derretida, a Suely me conhece) isso penso como educadora que também sou.
ResponderExcluirMas como mãe fico muito triste, pois tenho a certeza que nem sempre meus filhos cruzarão com pessoas assim sensíveis e de coração limpo que querem o melhor para seus alunos. Infelizmente ainda existe uma nata de "profissionais da educação" que só quer ver seus alunos "RALADOS" e que trata da EDUCAÇÃO na Escola apenas como PROFISSÃO estão tão interessados em seus salários ou em cumprir com seus CONTEÚDOS que se esquecem da sensibilidade que essa profissão precisa ter e que por traz de um aluno REBELDE ou até mais SALIENTE existe uma VONTADE DE VENCER, UM SONHO que lhes é tolhido. Muitas vezes por VINGANÇA. Quem dera se esse depoimento Liliane pudesse chegar às mãos de todos e principalmente sensibilizar a todos.
Parabéns professora Liliane e parabéns a todos que agem e pensam assim como nós.
Grande bj ;)