(Imagem: Amanda Cass)
Elisa é uma joia da fronteira: terra de mulheres bonitas, resultado da mistura de sangue indígena, português e castelhano, pele trigueira, cabelos negros, olhos cor de mel, e corpo cheio de perigosas curvas.
Ela e eu somos da mesma geração. Somos filhos dos anos cinquenta, fomos gerados na depressiva angústia do pós-guerra, e vivenciamos nossa infância no meio do dourado da década.
Elisa trazia no nome o símbolo de uma família tradicional da cidade, eu era filho do povo, fruto de amor um amor latino-americano – pai castelhano e mãe brasileira.
Por muito tempo conhecia Elisa de longe, nossos caminhos poucas vezes cruzaram-se, e quando cruzavam a coisa ficava num breve bom dia, boa tarde ou boa noite.
Elisa cresceu, e eu também. Deixamos a adolescência pelas estradas e corredores de chão batido, e com ela nossos sonhos de criança. Ela tomou uma decisão – dedicar-se-ia a causa da educação, seria uma “mestre-escola”, a decisão deve ter causado surpresa e perplexidade à família visto que, tradicionalmente, seus membros dedicavam-se à medicina.
Nesta teia criada pelo destino (???) Elisa e eu enveredamos pelo mesmo caminho, então, lá pelos meados dos sombrios anos setenta misturamos nossas vidas, desejos, sonhos e essências.
Foi um caso de amor – não à primeira vista - descobrimos que éramos filhos dos mesmos sonhos e esperança. Labutamos, sorrimos, choramos, fizemos greves, acertamos, erramos, mas perseveramos na luta.
Elisa foi – é continua sendo – uma guerreira. Uma guerreira linda, talentosa, e obstinada pelas causas da educação.
Elisa está perto do km 60 da estrada da vida. Vai, guria, não temas as curvas do caminho, eu motor é “flex”, e o teu coração é nobre.
Vanderlei Rodrigues/Paquera (ex-professor do Elisa)
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